quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O BARBEIRO DESASTRADO


O BARBEIRO DESASTRADO
Chico Pedrosa


TODO PROFISSIONAL
DE CERTA FORMA É CAPAZ
AQUELE QUE É AUTÊNTICO
DEPRESSA PELO QUE FAZ
TEM O RECONHECIMENTO
O QUE CAMINHA MAIS LENTO
CHEGA UM POUQUINHO ATRAZADO
MAS SE HOUVER PERSEVERANÇA
PACIENCIA E CONFANÇA
CHEGA AO LUGAR DESEJADO

PORÉM SE FOR APRESSADO
FAZ COMO NECO GRANJEIRO
QUE UM DIA CHEGOU NA RUA
DIZENDO QUE ERA BARBEIRO
UMA MALETA DE LADO
COM UM PINCEL DESENHADO
NA TAMPA DA DITA CUJA
E ESTAVA ESCRITO BARBEIRO
A DOMICILIO GRANJEIRO
DO SERROTE DA CORUJA

ALUGOU LOGO UMA CAA
PARA A BUDEGA E MORADA
POS NUM CANTO DE PAREDE
UMA CADEIRA ENFADADA
NUMA BANQUETA SEBENTA
ESPALHOU A FERRAMENTA
E DEBAIXO BOTOU UM POTE
E NA FRENTE DA MORADIA
ESCREVEU: BARBEARIA
OLHO DÁGUA DO SERROTE

QUANDO ERA DIA DE FEIRA
A BODEGA SE ENCHIA
TANTO DE GENTE DE LONGE
QUANTO DA PERIFERIA
UNS CMPRANDO, OUTROS PAGANDO,
UNS BEBENDO, OUTROS JOGANDO
DOMINÓ  E CARTEADO
E DA TESOURA DE NECO
TRECO TRECO TRECO TRECO
SÓ SE VIA O MASTIGADO

SEU NECO COMO PESSOA
NÃO EXISTIA MELHOR
AGORA COMO BARBEIRO
DE TODOS FOI O PIOR
IMPRUDENTE, DESLEIXADO,
MÃO PESADA, MAL CRIADO
E SEBOSO IGUAL O CÃO
COMPROMISSO COM A ARTE
NUNCA TEVE E NEM FEZ PARTE
DA SUA RELIGIÃO

NA CADEIRA DE TRABALHO
TINHA UM PREGO SALIENTE
PRA RASGAR FUNDOS DE CALÇAS
DE PENETRAS E CLIENTES
O PINCEL ERA DE PALHA
A TESOURA E A NAVALHA
AFIAVA NUM TAMANCO
E PRO ESPERA SENTAR
ATÉ SUA VEZ CHEGAR
TINHA UM TAMBORETE MANCO

QUANDO ERA ALGUÉM DE FORA
QUE VINHA SE BARBEAR
NECO GRANJERO FAZIA
TUDO PARA LHE AGRADAR
PERGUNTAVA DE ONDE VINHA
O QUE FAZIA E SE TINHA
PRESA DE SER ATENDIDO
PREPARAVA O AMBIENTE
ATÉ DEIXAR O CLIENTE
DE CERTA FORMA ENVOLVIDO

PARA PREPARAR O CREME
TINHA RASPA DE SABÃO
MISTURAVA NUMA CUIA
DA MULHER CATAR FEIJÃO
COM ÁGUA SUJA DA CALHA
PEGAVA UM PINCEL DE PALHA
MEXIA ATÉ FICAR QUENTE
E SEM HIGIENE NENHUMA
COBRIA COM AQUELA ESPUMA
O ROSTO DO SEU CLIENTE

BATIA A MÃO A NAVALHA
E DIZIA: AGORA FALE
O FREGUÊS ABRIA A BOCA
ELE DIZIA: SE CALE
NÃO PRECISA SE ZANGAR
SÓ MANDEI VOCÊ FALAR
PARA  VER ONDE É A BOCA
E FAZER TUDO DIREITINHO
PRA NÃO CORTQR SEUS BEIÇINHOS
COM ESTA NAVALHA LOUCA

AQUELA NAVALHA CEGA
ENQUANTO O PELO ARRANCAVA
O PORO FICAVA ABERTO
E POR ELE O SANGUE JORRAVA
MUITAS VEZES O COITADO
AO SAIR ERA OBRIGADO
A PROCURAR O HOSPITAL
LÁ CHEGANDO O ENFERMEIRO
PERGUNTAVA AO FORASTEIRO
VEM DO SEU NECO GRANJEIRO
OU BRIGOU COM MARGINAL?

NEM PRECISAVA O DOENTE
RESPONDER POR QUE ALI
OS ENFERMEIROS DIZIAM
SAIU DE LÁ VEM PRA QUI
OS QUE SÃO ACOSTUMADOS
POR ESTAREM CALEJADOS
PENSAM QUE AQUILO É NORMAL
PORÉM OS QUE VEM DE FORA
NENHUM DELES ATÉ AGORA
SE LIVROU DO HOSPITAL

UM DIA ENTROU NO SALÃO
SEM ESCONDER SUA PERDA
UM CIDADÃO ELEGANTE
FALTANDO A ORELHA ESQUERDA
FALANDO MUITO EDUCADO
PEDIU PRA SER BARBEADO
SEU NECO DISSE: POIS NÃO!
MEXEU A CUIA DE ESPUMA
DESPEJOU, FEZ UMA RUMA
NO ROSTO DO CIDADÃO

PEGOU A SANTA NAVALHA
QUE NEM SEQUER AMOLOU
POS O POLEGAR ESQUERDO
NA COSTELETA E PUXOU
COM TANTA IGNORANCIA
QUE O SANGUE ACOMPANHOU
QUANDO O FREGUÊS RECLAMOU
SABEM O QUE ELE FEZ?
INVES DE PEDIR DESCULPA
PELA SUA ESTUPIDEZ?

NA MAIOR CARA DE PAU
OLHANDO PARA O FREGUÊS
DISSE NUM TOM DE GRACEJO
SENHOR, PELO O QUE VEJO
JÁ TEVE AQUI OUTRA VEZ

O VIAJANTE LHE DISSE
NUNCA VIM NESSE LUGAR
FOI O RESPEITO AO TRABALHO
QUE HOJE ME FEZ ENTRAR
NA SUA BARBEARIA
AONDE EU JÁ SABIA
QUE NÃO IA ME DAR BEM
PORTANTO MEU CAMARADA
ESSA ORELHA DECEPADA
FOI NUM DESASTRE DE TREM

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

O FUXICO

O fuxico é do mal, currixiado
Mexerico onde a tal maldade reina
É a mentira espalhando o seu reinado
É a calúnia que próprio diabo treina
Coração feito breu enegrecido
Toda maledicência é sem sentido
Faz o fel amargoso retornar
Quem semeia este vento há de colher
Tempestade há de devastar seu ser
Onde o mal para sempre irá morar!
(Merlânio Maia)

terça-feira, 20 de novembro de 2018

O LIXO DO PRECONCEITO


O LIXO DO PRECONCEITO
Merlanio Maia

Enterre o seu preconceito
Cor da pele não define
Nem diminui o sujeito

A sua vó não retine
Nós somos humanidade
Vê que imbecilidade
A segregação de cor
Fazendo os iguais humanos
Diferentes em seus planos
Semeando o desamor

A triste realidade
É que jovens vem morrendo
Por ter sua pele escura
Perseguição ocorrendo
Sequer oportunidade
Nos empregos de verdade
Os negros e negras têm
Que sociedade horrível
De preconceito terrível
Distanciada do bem

Em tempos bem avançados
Desta tecnologia
Quem aqui pode afirmar
Da pureza da etnia?
Depois de tanta mistura
Quem pode alegar ser pura
Sua raça? E mesmo assim
Ninguém pode segregar,
Perseguir, prejudicar
Pela cor, seria o fim!

Nós somos esses humanos
Temos que ter consciência
Da igualdade da raça
Da etnia e da decência
Para que nos amanhãs
Nossas almas sejam sãs
Sem crueldade ou defeito
Que despertemos agora
Jogando esse lixo fora
Que chamamos PRECONCEITO!


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

UM PAÍS SEM NAÇÃO



O PAÍS SEM NAÇÃO
Merlanio Maia

Um país sem competência
De cuidar da sua história
Sem presente e sem futuro
Sem soberania ou glória
A cada ano um museu
Vira pó, cinzas e breu
Deixando o povo sem chão
Sem memória e sem futuro
Somente este ódio impuro
Forja um país sem nação!

Um país que seus políticos
São sanguessugas vampiros
Como não têm ideal
Queimam museus e papiros
Nada sabem de história
Não alimentam a memória
Sonham só com seu cifrão
São cupins cuja madeira
É a riqueza brasileira
Seu país é sem nação!

E o povo deste país
Que os elege de novo
É um povo sem futuro
É um espectro de povo
Vende o voto e vende a alma
Se vende e vive na palma
Da mão deste "Grande Irmão"
O resultado está aí
Incêndios aqui e ali
Nesse país sem nação!

Brasil desperta depressa!
Brasil acorda do sono!
Não vês que o mal se alastra
Que dormes no abandono?
Mostra o gigante de pé
Ensina ao teu povo a fé,
A esperança e a ação
Prende o ladrão e o corruto
Dá o teu grito resoluto
Solta teu braço impoluto
E faz-te PAÍS-NAÇÃO!
MM

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A FÁBULA DAS TRÊS ÁRVORES



A FÁBULA DAS TRÊS ÁRVORES
Merlânio Maia



Contam que havia num bosque
Três árvores bem frondosas
Enfeitando a natureza
Viris, fortes e formosas
Oferecendo os seus galhos
Pra servirem de agasalhos
Aos pequenos passarinhos
Que ali se protegiam
Ali cantavam e faziam
Muito tranqüilas seus ninhos

Desde muito pequeninas
Naquele bosque risonho
Cada uma dessas árvores
Alimentava seu sonho
E daquilo que sonhavam
As três se alimentavam
E bem felizes viviam
Servindo e sempre sonhando
Aos seus sonhos detalhando
E todo o dia repetiam

E a primeira dizia
Olhando o céu estrelado
- Do machado nada temo
Pois serei baú pesado
A guardar grande tesouro
De gema rara e de ouro
De safira e de brilhante
E assim serei lembrada
Por todos serei falada
Desse momento em diante

Dizia a segunda alegre
Olhando o rio grande e forte:
- Que meu sonho aconteça
Mesmo que o machado corte
Pois serei grande Navio
A enfrentar mar bravio
E onde reis, generais
Lendas vivas, me usarão
E de mim se lembrarão
Sem se esquecerem jamais

A terceira olhando o vale
Falou entusiasmada:
- O que temer se meu sonho
É ser grande, admirada
Ficar tão fenomenal
Que quem me vir, afinal
Erga aos céus os olhos seus
Lembre a sua finitude
E mude sua atitude
Lembrando sempre de Deus

E todo o dia essas árvores
Seus sonhos alimentavam
Foram crescendo, crescendo
Tão altas que ao céu fitavam
Mas lenhadores bisonhos
Sem nada entender de sonhos
Usam seus rudes machados
Que perfumados ficaram
Quando as árvores arriaram
Naquele bosque adorado

A primeira é transformada
Não no baú desejado
Mas num cocho tosco e rude
Num estábulo atirado
Alimentando animais
Seu sonho ficou pra trás
E a vida nos fios seus
Segue e ela que é só tristeza
Repleta de incerteza
Pergunta: -Porque, meu Deus?

A segunda é convertida
Simples barco de pescar
Onde humilde pescadores
Adentravam pelo mar
Buscando o seu alimento
A enfrentar chuva e tormento
Toda hora, todo o dia
E ela seguia sem crer
Perguntando a sofrer:
- Por que o meu sonho morria?

E a terceira sonhando
Em crescer no seu propósito
Foi cortada em altas vigas
E atirada num depósito
E o tempo baixa a cortina
O espetáculo não termina
E a árvore é só tristeza
Sem ter seu sonho atendido
Pergunta em seu ser sentido:
- Por que, oh! Mãe Natureza?

Mas numa noite de estrelas
De um céu fenomenal
Cantavam-se melodias
De alegria sem igual
E uma mãe doce, tão linda
Que era tão jovem ainda
Depositou seu filhinho
Um bebê recém-nascido
Naquele cocho vencido
E hei-lo qual sublime ninho

Foi tão grande a alegria
Que a árvore primeira
Enfim tudo compreendeu
E rejubilou-se inteira
Pois nela fora guardado
O tesouro mais sagrado
Que o mundo conheceu
A Terra se iluminou
E um coro do céu cantou:
- É Natal. Jesus Nasceu!

Passaram-se trinta anos
E a árvore-embarcação
Recebe um belo homem
Do mais puro coração
E enquanto ele dormia
A tempestade invadia
Em destruição voraz
Foi quando ele despertou
E a tempestade acalmou
Quando ele disse: - PAZ!

E esta Segunda árvore
Viu o maior soberano
Senhor da Terra e dos céus
Da vida e dos oceanos
O maior conquistador
Dado o seu poder de amor
Pois d’Ele emanava luz
Seu ser passou a sorrir
Sempre, sempre a conduzir
O Cristo de Deus: Jesus!

E mais um pouco de tempo
Vemos a Árvore terceira
Sendo, enfim, utilizada
Na tarde de Sexta-feira
Unida em forma de cruz
Nela pregaram Jesus
Um homem tão iluminado
Tão santo que lhe doía
Mas retorna sua alegria
Vendo o sonho realizado

Três árvores, um só destino
Acreditaram em seus sonhos
Do bosque lá da montanha
Aos seus momentos tristonhos
Cada sonho aconteceu
Mais belo do que nasceu
Mais vivo e cheio de som
Provando a todos nós
Que jamais estamos sós
E tudo o que Deus faz é bom!