sexta-feira, 14 de novembro de 2014

CORAÇÃO DO BRASIL

CORAÇÃO DO BRASIL
Poeta Merlânio Maia

Bem aventurado és
Meu nordeste brasileiro
Pela tua independência
E pelo ato altaneiro
De viver com liberdade
De mudar a realidade
De quem já te escravizou
Na miséria degradante
E na torpeza infamante
Então teu grito ecoou!

Os maus políticos sabem
Da grandeza varonil
Do teu povo consciente
Que luta pelo Brasil
Da vileza do vampiro
Que no seu último suspiro
Desejava açambarcar
Do Brasil toda riqueza
Quando tua realeza
Chegou pra nos libertar!

Meu Nordeste és um oásis
És primor da natureza
És imenso libertário
Um Titã da realeza
Tuas belezas sublimes
E a grandeza que imprimes
Na arquitetura, na Arte,
Na música, na poesia,
Na prosa e gastronomia,
Teus gênios são Show à parte

Sem falar na Natureza
Que quando fez, caprichou!
Exagerou na beleza
As praias enfeitiçou
Teu povo é lindo e perfeito
Ninguém encontra defeito
Deus te fez lindo e gentil
Se cantam com amor profundo:
“Brasil coração do mundo!”
És coração do Brasil!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A SAGA DE EDUARDO CAMPOS – HOMEM QUE AMOU O BRASIL (Autoria Merlânio Maia)


A SAGA DE EDUARDO CAMPOS – HOMEM QUE AMOU O BRASIL
(Autoria Poeta Merlânio Maia)

Que Deus me dê a razão
A inspiração e o poder
De escrever sobre um homem
Que cumpriu com seu dever
Foi político e foi honrado,
Foi ético e foi adorado
Por toda a nossa nação
Eduardo Campos o homem
De virtudes que não somem
Teve nordestinação

Quem pode dizer que não
Ouviu falar neste homem
Cuja grandeza e a honra
Jamais do mundo se somem
Nesse Brasil brasileiro
Foi um grande timoneiro
Farol ante os pirilampos
Fez luz aonde passou
Na política e onde andou
Reinou: Eduardo Campos

No dia dez de Agosto
Do ano mil e novecentos
E sessenta e cinco dá-se
Em Recife o nascimento
Do Filho de Ana Arraes
E Maximiano os pais
Que lhe trouxeram ao mundo
Neto do grande Miguel
Arraes que teve um papel
De líder forte e fecundo

E isto influenciou
O nosso jovem Eduardo
Que percebeu que a política
Era boa e não um fardo
Que é preciso ser honrado
Quando é vocacionado
Na política verdadeira
E desde muito criança
Alimentou a esperança
Na política brasileira

Quando foi pra Faculdade
No curso de Economia
Ao Diretório Acadêmico
Eduardo presidia
Formou-se em Economia
E a vida encaminharia
Mas ele queria mais
Trocou o mestrado fora
Pra fazer campanha agora
Para o avô Miguel Arraes

Antes de 22 anos
Ele assumiu a Chefia
De Gabinete de Arraes
E em Pernambuco agia
Trabalhando em prol do povo
Herdou do avô muito novo
A política bacana
Criou a Secretaria
De Ciência e Tecnologia
Na Terra pernambucana

Com Renata Andrade Lima
Eduardo formou família
Veio Maria Eduarda
Mais velha e única filha
João, Pedro, José e Miguel
Eram seu mundo e seu Céu
Numa ligação sem par
Todos unidos e amados
Pelo amor iluminados
Era a família exemplar

Filiou-se ao PSB
Nesse ano de noventa
E elegeu-se deputado
Com votação opulenta
E o Prêmio Leão do Norte
Ganhou por ser o mais forte
Atuante deputado
Na Casa Legislativa
De Pernambuco está viva
Sua visão de Estado

No ano noventa e quatro
Eduardo se elegeu
Deputado Federal
A votação excedeu
133 mil votos
Eram fãs quase devotos
E na Câmara Federal
Ligeiro foi escolhido
Presidente do Partido
Mostrando força e ideal

Eduardo foi Ministro
E Lula entregou-lhe a pasta
De Ciência e Tecnologia
E de Lula não se afasta
Fez trabalho excelente
Com inovação pertinente
Ganhou respeito no mundo
Eduardo o nordestino
Cumpria com seu destino
E com o seu gênio fecundo

Candidatou-se com êxito
Pra governar o estado
De Pernambuco e Lula
O apoiou, foi bem votado
Seguindo os passos de Arraes
Herdeiro dos ideais
Do velho socialista
Na sua serenidade
Foi político de verdade
Eduardo o idealista

No ano 2006
Ganhou pra Governador
Do Estado de Pernambuco
Fez a gestão de valor
Pois logo foi reeleito
Fez um governo bem feito
Com lisura e competência
Sua gestão encerrou
Quando se candidatou
Buscando a Presidência

Uniu-se a Marina Silva
Com sua força varonil
Cantando alto e dizendo:
NÃO DESISTAM DO BRASIL!
VAMOS FAZER O PAÍS
MAIS FORTE E BEM MAIS FELIZ!
Foi seu canto poderoso
Qual o Uirapuru que canta
E o mundo inteiro levanta
Pra ouvi-lo silencioso!

Porém veio o dia treze
Do mesquinho mês de Agosto
Dia que Miguel Arraes
Viajou rumo ao Sol posto
Tão triste e terrível dia
De tragédia e profecia
E Eduardo viajava
Num avião como tantos
Já quase pousando em Santos
Mas a sorte lhe tragava

Chovia muito na hora
O piloto já a descer
Viu que não daria pouso
Tentou logo arremeter
Para subir retornou
Mas a máquina acovardou
O intento não conseguiu
Num prédio residencial
Bateu quebrou-se afinal
Daquela altura caiu

Caiu sobre as residências
Dos moradores de Santos
Vizinho de Guarujá
Provocando os desencantos
Morreram os tripulantes
Todos em poucos instantes
Uma tragédia malsã
E Eduardo Campos vai
Ao encontro de Deus-Pai
Nove horas da manhã

O país surpreendido
Chorou em luto terrível
Pois ali tinha perdido
Aquele líder incrível
A dor, o horror, o espanto
Fez o Brasil verter pranto
Lembrando os olhos azuis
E o seu semblante sereno
Com o seu coração moreno
Feito de amor e de luz

Seguiu Eduardo Campos
Deixando luz sobre a Terra
Dando um exemplo da Paz
Que tira a força da guerra
Deixando o país sofrendo
De uma dor que vai doendo
Na sua família linda
O país ficou mais pobre
Mas sua alma de nobre
É um exemplo que não finda!

Segue Eduardo Campos!
Pros espaços siderais
Vai receber as medalhas
Das honras espirituais
Pois cumpristes a missão
Com o teu jovem coração
E tua força juvenil
Pois fizeste a diferença
Tu que deixou a sentença:
NÃO DESISTAM DO BRASIL!

E nós não desistiremos
Pois cremos neste ideal
De ver nossa Terra amada
Na corte Internacional
Como este país gigante
Que teve por um instante
Um homem de sonhos tais
Que nasceu neste país
Viveu, amou, foi feliz
Foi o Eduardo da Paz!

A tragédia nos maltrata
A história perdeu um nobre
A família perde um pai
O Brasil ficou mais pobre
Perdeu grande nordestino
Que reinou como destino
Política foi seu afã
E a convite de Deus
Seguiu os caminhos seus
Rumo a estrela da manhã!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A CHEGADA DE ARIANO SUASSUNA NO CÉU










A CHEGADA DE ARIANO SUASSUNA NO CÉU
Autores: Klévisson Viana e Bule-Bule

Nos palcos do firmamento
Jesus concebeu um plano
De montar um espetáculo
Para Deus Pai Soberano
E, ao lembrar de um dramaturgo,
Mandou buscar Ariano.

Jesus mandou-lhe um convite,
Mas Ariano não leu.
Estava noutro idioma,
Ele num canto esqueceu,
Nem sequer observou
Quem foi que lhe escreveu.

Depois de um tempo, mandou
Uma segunda missiva.
A secretária do artista
Logo a dita carta arquiva,
Dizendo: — Viagem longa
A meu mestre não cativa.

Jesus sem ter a resposta
Disse torcendo o bigode:
— Eu vejo que Suassuna
É teimoso igual a um bode.
Não pode, mas ele pensa
Que é soberano e pode!

Jesus, já perdendo a calma,
Apelou pra outro suporte.
Para cumprir a missão,
Autorizou Dona Morte:
— Vá buscar o escritor,
Mas vê se não erra o corte!

A morte veio ao País
Como turista estrangeiro,
Achando que o Brasil
Era só Rio de Janeiro.
No rastro de Suassuna,
Sobrou pra Ubaldo Ribeiro.

Porém, antes de encontrá-lo,
Sofreu um constrangimento
Passando em Copacabana,
Um malfazejo elemento
Assaltou ela levando
Sua foice e documento.

A morte ficou sem rumo
E murmurou dessa vez:
— Pra não perder a viagem
Vou vender meu picinez
Para comprar outra foice
Na loja de algum chinês.

Por um e noventa e nove
A dita foice comprou.
Passando a mão pelo aço,
Viu que ela enferrujou
E disse: — Vai essa mesma,
Pois comprar outra eu não vou!

A morte saiu bolando,
Sem direção e sem tino,
Perguntando a um e a outro
Pelo escritor nordestino,
Obteve informação,
Gratificando um menino.

Ao encontrar João Ubaldo,
Viu naufragar o seu plano,
Se lembrando da imagem
Disse: — Aqui há um engano.
Perguntou para João
Onde é que estava Ariano.

Nessa hora João Ubaldo,
Quase ficando maluco,
Tomou um susto arretado,
Quando ali tocou um cuco,
Mas, gaguejando, falou:
—Ele mora em Pernambuco!

A morte disse: — Danou-se
Dinheiro não tenho mais
Para viajar tão longe,
Mas Ariano é sagaz.
Escapou mais uma vez,
Vai você mesmo, rapaz!

Quando chegou lá no Céu
Com o escritor baiano,
Cristo lhe deu uma bronca:
— Já foi baldado o meu plano.
Pedi um da Paraíba
E você trouxe um baiano.

João Ubaldo é talentoso,
Porém não escreve tudo.
“Viva o Povo Brasileiro”
É sua obra de estudo,
Mas quero peça de humor,
Que o Céu tá muito sisudo.

Foi consultar os arquivos
Pra ressuscitar João,
Mas achou desnecessário,
Pois já era ocasião
Pra ele vir prestar contas
Ali na Santa Mansão.

Jesus olhou para a Morte
E disse assim: — Serafina,
Vejo não és mais a mesma.
Tu já foste mais malina,
Tá com pena ou tá com medo,
Responda logo, menina?!

— Jesus, eu vou lhe falar
Que preciso de dinheiro.
Ariano mora bem
No Nordeste brasileiro.
Disse o Cristo: —Tenho pressa,
Passe lá no financeiro!

— Só faço que é pra o Senhor.Pra outro, juro não ia.
Ele que se conformasse
Com o escritor da Bahia.
Se dependesse de mim,
Ariano não morria.

A morte na internet
Comprou passagem barata.
Quase morria de susto
Naquela viagem ingrata.
De vez em quando dizia:
— Eita que viagem chata!

Uma aeromoça lhe trouxe
Duas barras de cereais.
Diz ela: — Estou de regime.
Por favor, não traga mais,
Porque se vier eu como,
Meu apetite é voraz!

Quando chegou no Recife,
Ficou ela de plantão
Na porta de Ariano
Com sua foice na mão,
Resmungando: — Qualquer hora
Ele cai no alçapão!

A morte colonizada,
Pensando em lhe agradar,
Uma faixa com uma frase
Ela mandou preparar,
Dizendo: “Welcome Ariano”,
Mas ele não quis entrar.

Vendo a tal faixa, Ariano
Ficou muito revoltado.
Começou a passar mal,
Pediu pra ser internado
E a morte foi lhe seguindo
Para ver o resultado.

Eu não sei se Ariano
Morreu de raiva ou de medo.
Que era contra estrangeirismos,
Isso nunca foi segredo.
Certo é que a morte o matou
Sem lhe tocar com um dedo.

Chegou no Céu Ariano,
Tava a porta escancarada.
São Pedro quando o avistou
Resmungando na calçada,
Correu logo pra o portão,
Louvando a sua chegada.

Um anjinho de recado
Foi chamar o Soberano,
Dizendo: – O Senhor agora
Vai concretizar seu plano.
São Pedro mandou dizer
Que aqui chegou Ariano.

Jesus saiu apressado,
Apertando o nó da manta
E disse assim: — Vou lembrar
Dessa data como santa
Que a arte de Ariano
Em toda parte ela encanta.

São Pedro lá no portão
Recebeu bem Ariano,
Que chegou meio areado,
Meio confuso e sem plano.
Ao perceber que morreu,
Se valeu do Soberano.

Com um chapelão de palha
Chegou Ascenso Ferreira,
O grande Câmara Cascudo,
Zé Pacheco e Zé Limeira.
João Firmino Cabral
Veio engrossar a fileira.

E o próprio João Ubaldo
(Que foi pra lá por engano)
Veio de braços abertos
Para abraçar Ariano.
E esse falou: – Ubaldo,
Morrer não tava em meu plano!

Logo chegou Jorge Amado
E o ator Paulo Goulart.
Veio também Chico Anysio
Que começou a contar
Uma anedota engraçada
Descontraindo o lugar.

Logo chegou Jesus Cristo,
Com seu rosto bronzeado.
Veio de braços abertos,
Suassuna emocionado
Disse assim: — Esse é o Mestre,
O resto é papo furado!

Suassuna que, na vida,
Sonhou em ser imortal,
Entrou para Academia,
Mas percebeu, afinal,
Que imortal é a vida
No plano celestial.

Jesus explicou seus planos
De fazer uma companhia
De teatro e ele era
O escritor que queria
Para escrever suas peças,
Enchendo o Céu de alegria.

Nisso Ariano responde:
— Senhor, eu me sinto honrado,
Porém escrever uma obra
É serviço demorado.
Às vezes gasto dez anos
Para obter resultado.

Nisso Jesus gargalhou
E disse: — Fique à vontade.
Tempo aqui não é problema,
Estamos na eternidade
E você pode criar
Na maior tranquilidade.

Um homem bem pequenino
Com chapeuzinho banzeiro,
Com um singelo instrumento,
Tocou um coco ligeiro
Falando da Paraíba:
Era Jackson do Pandeiro.

Logo chegou Luiz Gonzaga,
Lindu do Trio Nordestino,
E apontou Dominguinhos
Junto a José Clementino
E o grande Humberto Teixeira,
Raul e Zé Marcolino.

Depois chegou Marinês
Com Abdias de lado
E Waldick Soriano,
Com um vozeirão impostado,
Cantou “Torturas de Amor”,
Como sempre apaixonado.

Veio então Silvio Romero
Com Catulo da Paixão,
Suassuna enxugou
As lágrimas de emoção
E Catulo, com seu pinho,
Cantou “Luar do Sertão”.

Leandro Gomes de Barros
Junto a Leonardo Mota,
Chegou Juvenal Galeno,
Otacílio Patriota.
Até Rui Barbosa veio
Com título de poliglota.

Chegou Regina Dourado,
Tocada de emoção,
Juntinho de Ariano,
Veio e beijou sua mão
E disse: — Na sua peça
Quero participação.

Ariano dedicou-se
Àquele projeto novo.
Ao concluir sua peça,
Jesus deu o seu aprovo
E a peça foi encenada
Finalmente para o povo.

Na peça de Ariano
Só participa alma pura.
Ariano virou santo,
Corrigiu sua postura.
Lá no Céu ganhou o título
Padroeiro da cultura.

Os artistas que por ele
Já nutriam grande encanto
Agora estando em apuros,
Residindo em qualquer canto,
Lembra de Santo Ariano
E acende vela pro santo.

Ariano foi Quixote
Que lutou de alma pura.
Contra a arte descartável
Vestiu a sua armadura
Em qualquer dia do ano
Eu digo: viva Ariano
Padroeiro da Cultura!

FIM

sexta-feira, 23 de maio de 2014

SOBRE SONETO um improviso do poeta DIMAS BATISTA:



SOBRE SONETO um improviso de DIMAS BATISTA:

Eu muito admiro o poeta da praça,
Que passa dois anos fazendo um soneto,
Depois de três meses acaba um quarteto,
Com todo esse tempo inda fica sem graça.
Com tinta e papel o esboço ele traça,
Contando nos dedos pra metrificar,
Que noites de sono ele perde a estudar,
Pra no fim mostrar tão minguado produto,
Pois desses eu faço dois, três, num minuto,
Cantando galope na beira do mar.

FIM DE FEIRA DO POETA DEDÉ MONTEIRO


FIM DE FEIRA

O lixo atapeta o chão
Um caminhão se balança
Quem vem de fora se lança
Em cima do caminhão
Um ébrio esmurra o balcão
No botequim da esquina
O gari faz a faxina
Um cego ensaca a sanfona
E um vendedor dobra a lona
Depois que a feira termina.

Miçanga, fruta, verdura,
Milho feijão e farinha,
Bode, suíno, galinha,
Miudeza, rapadura.
É esta a imagem pura
De uma feira nordestina
Que começa pequenina,
Dez horas não cabe o povo.
E só diminui de novo
Depois que a feira termina

Na matriz que nunca fecha
Muito apressado entra alguém
Mas sai vexado também
Se não o carro lhe deixa
O padre gordo se queixa
Do calor que lhe domina
E agita tanto a batina
Quem que vê fica com pena
Toca o sino pra novena
Depois que a feira termina.

A filhinha do mendigo
Sentada a seus pés, num beco,
Comendo um pão doce seco
Diz: papai, coma comigo.
E o velho pensa consigo
Meu deus, mudai sua sina
Pra que minha pequenina
Não sofra o que eu sofro agora
Ri a filha, o velho chora
Depois que a feira termina.

Um pedinte se levanta
Da beira de uma calçada
Chupando uma manga espada
Pra servir de almoço e janta
Um boi de carro se espanta
Se o motorista buzina
Um velho fecha a cantina
Um cachorro arrasta um osso
E o pobre “azavessa” o bolso
Depois que a feira termina

Um camponês se engana
Chega atrasado na feira
Não compra mais macaxeira,
Nem batata, nem banana
Empurra a cara na cana
Pra esquecer a ruína,
Arroz, feijão, margarina,
Açúcar, óleo, salada,
Regressa e não leva nada
Depois que a feira termina

No açougue da cidade
Das cinco e meia em diante
Não tem um pé de marchante
Mas mosca tem com vontade
Um faxineiro abre a grade
Tira uma mangueira fina
Rodo, pano, creolina,
Deixa tudo uma beleza
Mas só começa a limpeza
Depois que a feira termina

E o dono da miudeza
Já tendo fechado a mala
Escuta o rapaz que fala
Do outro lado da mesa:
- Meu senhor, por gentileza,
O senhor tem brilhantina?
Ele diz com voz ferina:
- Aqui na mala ainda tem
Mas eu não vendo a ninguém
Depois que a feira termina

Um jumento estropiado,
Magro que só a desgraça,
Quando vê que a feira passa
Vai pra frente do mercado
O endereço ao danado
Eu não sei quem diabo ensina
Eu só sei que baixa a crina
Entre as cinco e as cinco e meia
Lancha, almoça, janta e ceia
Depois que a feira termina.

domingo, 9 de março de 2014

O MUNDO É DA MULHER


O MUNDO É DA MULHER
Merlânio Maia

Que dizer de quem encanta
Somente em aparecer
Lindeza que se levanta
Aos que têm olhos de ver?
Que ser é este, irmandade,
Que inventa a felicidade
Quando se deseja e quer
Que poder que irradia
De Madalena a Maria
O mundo é da Mulher

De frágil ser pequenino
Cresce e inventa seu mundo
Assim é o ser feminino
No seu sentido profundo
Dá vida, ensina, alimenta,
Ilumina e acalenta,
Faz deles o que quiser
Seu poder é tão imenso
Que muitas vezes eu penso
Que o mundo é da mulher

Sua mente é poderosa
Seu olhar é aguçado
É cheirosa como a rosa
O seu corpo é desenhado
O composto é tão perfeito
Pra ninguém botar defeito
Pesado é o seu mister
Seu veneno fere e mata,
Mas seu carinho arrebata
Eis que o mundo é da mulher

Ela é um instrumento
Que Deus botou sobre a Terra
Na beleza monumento
Que produz a Paz e a Guerra
Seu ventre é veio de vida
Sua alma é possuída
Daquilo que ela quer
Do pecado à santidade
Transita com intimidade
Pois o mundo é da mulher

Homem nenhum lhe entende
Outra nem quer entender
Pra onde o desejo pende
Ela investe seu poder
Pode governar o mundo
Seu universo profundo
Lhe dará tudo o que quer
Por isso, pobre poeta,
Me entrego de alma completa
Que o mundo é da Mulher!!!
(Merlânio Maia - 08.03.2014 - Homenagem ao Dia Internacional da Mulher)