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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Poeta cordelista Merlânio Maia recebe cidadania pessoense na CMJP

 Poeta cordelista Merlânio Maia recebe cidadania pessoense na CMJP

 13.12.2024
 Secom/CMJP
 Olenildo Nascimento

Homenagem foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT)

Na manhã desta sexta-feira (13), a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou uma sessão solene para entrega do Título de Cidadão Pessoense ao músico Merlânio Maia Barbosa. O vereador Marcos Henriques (PT) propôs a honraria e a solenidade, que foi prestigiada por familiares, amigos e colaboradores do homenageado.

Além do vereador, compuseram a mesa de trabalhos a esposa do homenageado e coordenadora do projeto ‘Boneco de Lata’ do Hospital Napoleão Laureano, Raquel Maia; o irmão e professor Bebé de Natércio; o coordenador do Movimento Paz, Almir Laureano; o presidente da Federação Espírita Paraibana, José Neto Batista; o chefe da Divisão de Literatura da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Ian Pontes; e o artista e amigo Bento Júnior.

“Hoje é um dia de muita alegria para esta Casa. Toda cidade de João Pessoa tem que se alegrar com uma homenagem a uma pessoa da estatura de Merlânio. Ele é um grande nome da cultura paraibana e, além de tudo, é um amigo. No lançamento da minha primeira candidatura, ele fez uma poesia que deu sorte, e que se arrasta até hoje nessa luta por nossa cultura. Isso me marcou muito. Merlânio é um grande referencial da cultura para todos nós, aprendi a admirá-lo e a respeitá-lo. Sempre que preciso de conselhos sobre cultura nordestina recorro a ele”, revelou.

Marcos Henriques ainda destacou que o cordelista tem o sonho de ver a construção de um Museu do Cordel, onde se possa apreciar a cultura nordestina, e ressaltou que, além de artista reverenciado, o agraciado é um excelente homem de família, esposo e pai exemplar e amigo fiel. “Merlânio é um ativista da literatura de cordel e defensor da cultura nordestina. É uma grande honra conceder esse Título de Cidadão de João Pessoa a um filho que exala cultura e tem o nome de Merlânio Maia”, finalizou.

O presidente da Federação Espírita Paraibana, José Neto Batista, parabenizou a Câmara pela iniciativa de conceder o Título em homenagem a um coração tão amigo. “Essa alma sertaneja que Merlânio traz, o faz ser vanguardista. Em suas ideias enxergamos arte, cultura, o norte que guia e nunca falta”, destacou. Ele ainda revelou que o poeta esbanja satisfação na coordenação do projeto Ciranda da Arte e Cultura em Defesa da Paz, que tem levado música e poesia por toda a Paraíba. “É grande a vibração de Merlânio em cada viagem, mas onde mais esteve realizado foi na cidade de Picuí, onde acontece em praça pública, defendendo a máxima do poeta que diz que o artista vai aonde o povo está”, revelou.

O coordenador do Movimento Paz, Almir Laureano, enfatizou o perfil pacificador do homenageado. “Bem-aventurados são os pacificadores e pacificadoras, porque eles serão chamados filhos de Deus. Nesse sentido, assim como Marcos Henriques tornou ele pessoense, nós podemos assinar uma outorga dizendo que ele é filho de Deus por praticar a paz. Ele é um pacificador, e não é de hoje, é de muito tempo”, destacou.

Um dos irmãos do agraciado, Bebé de Natércio, destacou que ele é um “ajuntador” de gente e poesia, e através de uma música homenageou o fraterno artista. “Esse Título é uma espécie de brasão, uma força armorial, sobre a patente de filho de João Pessoa, que já existia em Merlânio”, asseverou.

Da vida do homenageado, Raquel Maia, sua esposa, destacou a criação do Projeto Bonecos de Lata, em 1998, no qual ambos realizam visitas ao setor pediátrico do Hospital de Combate ao Câncer Napoleão Laureano, levando alegria através da arte para as crianças. “É maravilhoso fazer o bem. Parabéns, poeta! O dia é todo seu. A Casa do Povo aqui te homenageia e te dá esse presente grandioso”, parabenizou.

Representando a Academia de Cordel do Vale do Paraíba, Bento Júnior demonstrou o respeito, o carinho e a admiração pelo homenageado, e anunciou: “Merlânio tem muita coisa boa para trazer para o nosso cordel. Fico deveras feliz em dizer que ele será o próximo presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Ele vai conduzir o que a gente já está colocando em prática, que é o Museu do Cordel e fazer com que o cordel seja cada vez mais valorizado”.

Zenaide Carvalho, presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, salientou sua gratidão ao homenageado: “Merlânio foi o primeiro homem voluntário, ainda na década de 90. É um título muito merecido a essa pessoa tão singela, cheia de paz e amor para dar. A Rede Feminina de Combate ao Câncer é muito grata por ter esse amigo como voluntário, esse boneco de lata que faz a diferença na vida dos pacientes com câncer”.

Poemas, repentes e canções

Parte das homenagens se deu através de poemas, repentes e canções para expressar carinho a Merlânio. O chefe da Divisão de Literatura da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Ian Pontes, homenageou o cordelista através de um poema, com imagens destacando a beleza da cidade de João Pessoa e sua relação com o artista. “Este cordelista é um verdadeiro ícone da poesia pessoense, traduzindo em suas palavras a essência da cultura popular. Sua obra reflete não apenas a riqueza cultural, mas também as memórias de figuras ilustres de histórias nordestinas e pitorescas. Essa homenagem firma a importância de Merlânio para a literatura e para a identidade cultural de João Pessoa. Que sua voz continue sendo um farol de esperança e inspiração para todos. Que sua obra permaneça viva nas páginas da história da nossa amada João Pessoa”, ensejou.

Já o repentista, cordelista e escritor Oliveira de Panelas improvisou um repente em homenagem a Merlânio Maia. “Essa coisa mais linda que ele tem feito na vida, na ida e em toda hora é em que me inspiro, e tudo que ele fez outrora. Merlânio, você nem sabe, que a Paraíba nem cabe, de tão grande que você é. Mas arrumando um jeitinho, com carícia e com carinho, você se une com ela fazendo da sua arte para nós a coisa mais bela”, declamou, referindo-se a Raquel Maia esposa do homenageado.

Arnaldo Mendes, amigo de Merlânio Maia, declamou poesia de autoria própria sobre as qualidades do homenageado. “Um ser humano decente, de qualidades dotado / Um cidadão respeitado, um nordestino valente / Um sertanejo pra frente, homem de luta e coragem / Poeta de grande imagem, que muito nos enternece / Nosso poeta merece, essa tão bela homenagem”, recitou.

O cantor e amigo Adeildo Vieira homenageou Merlânio com a canção ‘Amorério’, de autoria própria. Em seguida, foi apresentado um vídeo com imagens e depoimentos de familiares e amigos que não puderam comparecer à sessão.

O homenageado contou como foi sair de Itaporanga, em meados de 1978, para a Capital, incentivado pela mãe, para que pudesse estudar. Merlânio declamou sua história em forma de poema, intitulado ‘Galope na beira do mar’, desde quando saiu de sua cidade natal, conheceu sua esposa, teve seus filhos, até receber a cidadania pessoense. Ele agradeceu a Marcos Henriques pela propositura e saudou todos que compareceram à homenagem.

“E agora a cidade que eu amo me ama, e faz-me seu filho, pois me adotou / E aquele imigrante que aqui chegou sem jeito, sem forma, sem casa e sem cama, hoje vem completo / Que a vida me chama pra um novo ciclo, hoje a iniciar / De quem já sentia no seu estradar a cidadania / Que chega tão linda, com vocês que amo é mais linda ainda cantando galope na beira do mar”, declamou.

Confira a sessão solene completa, com todas expressões artísticas clicando aqui.

O homenageado

Merlânio Maia é natural de Itaporanga, onde nasceu em 1961. É poeta, cordelista, músico, cantador, declamador e escritor. Desde a década de 1980 realiza um trabalho que alia conhecimento, humor e espiritualidade, dedicando-se especialmente à poética e à educação pela paz. Além dos shows, acumula em seu currículo artístico produções teatrais e atuações, declamações com humor e a idealização do projeto ‘Boneco de Lata’, com o objetivo de levar arte para crianças e adultos internos do Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa.

Entre cordéis, livros de poemas populares e ensaios com outros autores, o artista contabiliza dezenas de publicações, dentre as quais se destacam ‘Cantando e Contando Histórias’, ‘Cordel de Luz’, ‘Poesia Que Canto e Conto’, ‘Contos, Causos e Poesia de Chico Amor Xavier’, ‘Menestrel – o Contador de Histórias’, ‘Poesias de um Cantador’ e ‘Caridade e Outros Poemas’. No que se refere à produção musical, gravou os CDs ‘Meu Sertão Cheio de Graça’, ‘Cantoria de Luz”, “Poemas de Amor e Riso’, ‘Poetas do Meu Apreço’, ‘Cantando e Contando Histórias’ e ‘Cordel de Luz’, esses últimos com poemas declamados dos livros de mesmo nome.

Fonte: https://joaopessoa.pb.leg.br/poeta-cordelista-merlanio-maia-recebe-cidadania-pessoense-na-cmjp/

domingo, 9 de março de 2014

O MUNDO É DA MULHER


O MUNDO É DA MULHER
Merlânio Maia

Que dizer de quem encanta
Somente em aparecer
Lindeza que se levanta
Aos que têm olhos de ver?
Que ser é este, irmandade,
Que inventa a felicidade
Quando se deseja e quer
Que poder que irradia
De Madalena a Maria
O mundo é da Mulher

De frágil ser pequenino
Cresce e inventa seu mundo
Assim é o ser feminino
No seu sentido profundo
Dá vida, ensina, alimenta,
Ilumina e acalenta,
Faz deles o que quiser
Seu poder é tão imenso
Que muitas vezes eu penso
Que o mundo é da mulher

Sua mente é poderosa
Seu olhar é aguçado
É cheirosa como a rosa
O seu corpo é desenhado
O composto é tão perfeito
Pra ninguém botar defeito
Pesado é o seu mister
Seu veneno fere e mata,
Mas seu carinho arrebata
Eis que o mundo é da mulher

Ela é um instrumento
Que Deus botou sobre a Terra
Na beleza monumento
Que produz a Paz e a Guerra
Seu ventre é veio de vida
Sua alma é possuída
Daquilo que ela quer
Do pecado à santidade
Transita com intimidade
Pois o mundo é da mulher

Homem nenhum lhe entende
Outra nem quer entender
Pra onde o desejo pende
Ela investe seu poder
Pode governar o mundo
Seu universo profundo
Lhe dará tudo o que quer
Por isso, pobre poeta,
Me entrego de alma completa
Que o mundo é da Mulher!!!
(Merlânio Maia - 08.03.2014 - Homenagem ao Dia Internacional da Mulher)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

POETA MERLANIO MAIA LANÇA LIVRO EM NATAL/RN LIVRARIA SARAIVA DO SHOPPING MIDWAY

CONVITE AOS AMIGOS POTIGUARAS:

SÁBADO 23.11.2013 ÀS 16:00 HS. 
ESTAREI LANÇANDO O LIVRO POIESIS DE UM CANTADOR
LOCAL: LIVRARIA SARAIVA DO SHOPPING MIDWAY EM NATAL/RN

AGRADEÇO A TODOS DESDE JÁ A TODOS QUE COMPARECEREM E DIVULGAREM!!!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

NA TRISTE NOITE DA CORRUPÇÃO

NA TRISTE NOITE DA CORRUPÇÃO
Poeta Merlânio Maia

Eis a nação que sonha embevecida
Ser um exemplo aos povos do futuro
E agora acorda em seu triste monturo
Que foi forjado ao longo de sua vida
Desde o império se inclina em descida
Com sanguessugas que sugando vão
Multiplicando sujeira em seu chão
Frente ao pomposo poder do império
Incomodando heróis no cemitério
Na triste noite da corrupção!

Seus mortos, hoje, tão desesperados
Saem às ruas, levantam bandeiras,
Dançam nas praças, alamedas, feiras...
Profundamente decepcionados
De Tiradentes escuta-se os brados
De Castro Alves a indignação
Voltam os poetas da libertação
Junto aos heróis, do além, republicanos,
Dançam nas noites contra os tais tiranos
Na triste noite da corrupção!

Se o tempo urge, a tal nação se arrasta...
Só vendo seu pobre povo humilhado,
Presenciando o roubo deste estado
Que, a cada dia, da riqueza afasta.
- Aos miseráveis, pão com circo basta!
E a liberdade escorre pela mão
E num crescendo se esparrama ao chão
No gesto tosco desse vai e vem
Só sonhadores gritam do além
Na triste noite da corrupção!

Os pigmeus da moral querem trono
Mesmo levando o país ao abismo
Ninguém vê honra, lisura, altruísmo!...
Brasil delira feito um cão sem dono
Em berço esplêndido o gigante é sono,
Enferrujado na acomodação
A idiotice contamina o chão
O povo dorme e o vazio é extenso,
Os mortos gritam vendo o mal imenso
Na triste noite da corrupção!

A hipocrisia é corrente moeda
E a mentira agora é um ideal
A mídia cria a tal versão final
E o fato perde a força e leva queda
Quem mente mais do poder não se arreda
A lama envolve e a TV faz serão,
Faz a cabeça – dona da razão!
E o povo teme e tremendo obedece.
Há uma teia que a aranha tece
Na triste noite da corrupção!

Brasil desperta, apresenta a imponência!
Acorda e grita: Independência ou morte!
Colosso impávido, de infinito porte,
Mostra a lisura da tua inocência
Chama os teus filhos plenos de decência
Expulsa o mentiroso e o ladrão
Levanta o braço de enorme nação
Que vibra dentro do teu forte povo
Faz teus heróis renascerem de novo
Na triste noite da corrupção!

Fraternalmente,

Merlânio Maia
Poeta e Cantador
João Pessoa/PB

merlanio@gmail.com

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O AJUDANTE DA MORTE



AJUDANTE DA MORTE
Poeta Merlânio Maia

Seu moço sou sertanejo
Nasci no alto sertão
Foi  que cresci poeta
 cantei com o coração
Escravo da poesia
Sempre a levar alegria
Aonde posso cantar
Trago um baú de memórias
vivo a contar histórias
Tão vivas do meu lugar

 em nóis tem um costume
De na hora de morrer
Convocar-se um Ajudante
este tem o dever
De ajudar quem está morrendo
Com paciência ir dizendo
Toda reza espiritual
Dando ao “de cujos” seu norte
Pra se abraçar com a morte
No seu caminho final

Se o moribundo demora
A se decidir morrer
Fica num chove não molha
Nem morre nem quer viver
É esta a hora doída
Que a família convida
Um Ajudante infalível
Que vai ali convencer
O morrente pra morrer
mais depressa possível

Pois bem na minha terra
No vale do Piancó
Tinha um famoso ajudante
Chamado Zaqueu Socó
Um esquisito sujeito
Altomagro e bem mal feito
Mãos grandes em pele e osso
Caladosemblante ossudo,
De olhar fundosisudo,
Um sujeito rude e grosso

Esse cabocloseu moço
Nunca fazia amizade
Morava sempre sozinho
Quase fora da cidade
Ele nunca adoeceu
sempre compareceu
Na hora extrema da sorte
Ali havia uma crença
Que ele era a presença
Ou um disfarce da morte

Por isso dizia o dito
No Vale do Piancó
Que não havia um ajudante
Igual a Zaqueu Socó
Sua fama era tamanha
Que se gabava da sanha
De nunca ter fracassado
 de vê-lo o moribundo
Ou ia pro outro mundo
Ou  ficava curado

Era tanto que a família
Ao  seu Socó chegar
Caía logo num choro
Dava  da gente olhar
Era como se a morte
Do pobre tirasse a sorte
Liquidando aquele assunto
Pois seu Socó sem demora
Com menos de meia hora
Fazia dele um defunto

Desde menino eu ouvia
povo dali falar
Quando via pela rua
Seu Zaqueu Socó passar
Eu  saía correndo
Com minhas pernas tremendo
Fugindo de qualquer jeito
Nunca fui de ter coragem
com este personagem
Eu tinha o maior respeito

Um dia seu  Picanso
Do Sítio Morada Nova
Adoeceu, foi piorando
E ficou com o  na cova
eu fui  fazer visita
E vi a família aflita
Socó no quarto trancou-se
Sozinho com o moribundo
E o seu filho  Raimundo
Me falou: - Pai acabou-se!

Eu fiquei perto da porta
E ouvi seu Zaqueu falar
Com a voz pastosa e grossa:
- Picanso, eu vim lhe ajudar
Ocê né mais desse mundo!
Ouvi um gemer profundo
Socó meio afobado
Dizer: - Sorte a minha mão!
E agarre a de Santo Antão
Que lhe espera do outro lado!

Nisso eu vi uma zuada
Picanso gritou:- Pra trás!
Eu esperava era a morte
não o seu capataz!
porta estava trancada
Socó com a chave guardada
sem nenhum exagero
Ouvi quebrar-se a janela
Picanso fugir por ela
No maior dos desesperos

Depois disso  o silêncio
Seu Socó a porta abriu
Falou: Picanso curou-se!
Disse isto e depois partiu
Saí dali assustado
Pois nunca tinha passado
que passei nesta hora
Picanso pegou descendo
Ainda hoje está correndo
Largou tudo e foi se embora
  
Como eu não sou imortal
Eu também tive o meu dia
Adoeci gravemente
Nem vivia nem morria
Como naquele momento
Tão grande era o sofrimento
Que eu nada fazia 
Ouvi alguém sussurrar
Pra o sofrimento acabar
Basta chamar Seu Socó

- Valhei-me Nossa Senhora!
Eu fiz o sinal da cruz
Um suador foi me tomando
Nisso eu chamei por Jesus
Fiz das tripas coração
Levantei de supetão
Tomei sopa nesse dia
Pulei numa perna 
Mas ver seu Zaqueu Socó
CRUZ CREDO! Virge Maria!!!