CORDEL DO CORDEL




O CORDEL DO CORDEL

Sua História e seus Heróis

 

 

Autor: Merlânio Maia

 

 

 


 

FICHA TÉCNICA

 

TÍTULO: O CORDEL DO CORDEL – SEUS SUA HISTÓRIA E SEUS HERÓIS

 

TEMA: HISTÓRIA

 

AUTOR: Merlanio Maia

 

LOCAL: João Pessoa/PB

 

Ano: 2023

 

ESQUEMA: 36 Estrofes de versos em sextilha ou seis sílabas poéticas

RIMAS: xaxaxa (As letras repetidas representam os versos que rimam entre si e o “x” os versos livres de rima)

 

O nome LITERATURA DE CORDEL provem de Portugal quando folhetos com este formato eram vendidos pendurados em barbantes. Há registro deste tipo de folheto, com conteúdo diferente, na Europa medieval, nos países Holanda, Alemanha, França, Espanha e Portugal.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR

 

BIOGRAFIA DO AUTOR:

Merlanio Maia Barboza, Cordelista, Poeta, Escritor e Músico, é paraibano de Itaporanga, nasceu em 16/10/1961 e desde os 9 anos de idade produz Cordéis, Livros e Shows pelo Brasil e já levou seu trabalho pela Europa em 2017.

Membro atuante da ACVPB – Academia do Cordel do Vale do Paraíba, vem lutando pela Cultura Nordestina, notadamente a Literatura de Cordel.


 

O CORDEL DO CORDEL

Sua História e seus Heróis

Autor: Merlânio Maia

 

Permita me apresentar

Com meu verso tão fiel

Aos nobres pesquisadores

Com meu diploma e anel

Meu nome é Merlânio Maia

E este é o Cordel do Cordel

 

O que chamam de Cordel

Na Vera realidade

É a grande Literatura

Popular de qualidade

Folhetos vindos de longe

Das européias cidades

 

Desde o século quatorze

Na Holanda, Portugal,

Espanha, França e Alemanha,

Toda Europa ocidental

Já havia estes folhetos

Em circulação normal

 

Músicos cavalheirescos,

Sedutores Menestréis,

Bardos que de vila em vila

Dessa arte tão fiéis

Cantavam esta bela arte

Que um dia serão Cordéis

 

Pois bem! Quando as Caravelas

Cruzaram o mar de anil

Em busca do Novo Mundo

Ali se introduziu

Literatura em folheto

A caminho do Brasil

 

Foi assim que a Pindorama

Nossa Nação adorada

Conheceu estes folhetos

Quando foi colonizada

Por levas de Trovadores

Cantando pelas estradas

 

Dos trovadores nasceram

Cantadores e Violeiros

Que andavam pelas vilas

E em casas de fazendeiros

Levando as informações

Por todo Brasil inteiro

 

Desde lá de Portugal

Todo folheto era exposto

Em barbante ou cordel

Bem dobrado e assim disposto

E assim ganhou este nome

Que o povo fala com gosto

 

Na Espanha Pliegos Sueltos

De poesia popular

Portugal eram Cordéis

Em barbante a pendurar

Aqui Folhetos de Feira

Ou Romance Popular

 

Na França Littérature

De Colportage ou mascate

Vendia-se em intervalos

Em tábuas escarlate

Muita gente esrevia

A prosa pro seu embate

 

E um dia este Folheto

Adentrou nas Caravelas

Atravessou sete mares

Tornando as vidas mais belas

Enfim chegou ao Brasil

Nação verde e amarela

 

Logo ao nascer da nação

O Folheto canta o hino

Acalentando no berço

O enorme país menino

Que nasceu bem no Nordeste

Que o Brasil é Nordestino

 

E assim neste berço esplêndido

Leandro Gomes de Barros

Encontrou nesse folheto

Quais joias em grandes Jarros

E lhe nasceu a ideia

Pensou sem nem dar esparros

 

Aproveitou o Folheto

E mudou seu conteúdo

Que era poeta afamado

No verso era bem graúdo

Usa os baiões de viola

E aprofunda o estudo

 

Cria Histórias e pesquisa

Contos, causos, personagens

Na métrica da poesia

Escreve suas imagens

Põe no Folheto de Feira

E embarca nas mil viagens

 

Eram escritos em prosa

Até história menor

Em quadras metrificadas

Em redondilha maior

Sete silabas poéticas

Dando um ritmo melhor

 

E o que havia no Folheto

Que era prosa sem rima

Contos prosaicos e simples

Que o europeu determina

O Sertanejo Leandro

No Cordel passou por cima

 

Uma nova Literatura

Que no Sertão entoou

Leandro pensa uma Gráfica

Dos Cordéis que inventou

Pra cidade de Recife

O sertanejo migrou

 

Contratou algumas moças

E as ensinou a operar

Os Linotipos de chumbo

E imprimir sem parar

Enquanto o empreendedor

Vai às Feiras visitar

 

Quando viu, deu muito certo

Ele vende até demais

Visita outros estados

Pelas feiras regionais

Distribuindo o Cordel

E abrindo assim seus portais

 

O sucesso foi tremendo

Que criou a profissão

De Cordelista no mundo

Com seu Gênio bonachão

E foi assim que nasceu

Nosso Cordel, meu irmão

 

O Cordel com sua métrica

Assume um novo porte

Com sextilhas em seis versos

Sete é setilha tão forte

Pelo poeta gigante

Paraibano de sorte

 

E assim firmou-se na história:

Leandro Gomes se fez

Com mais de dois mil folhetos

Ficou rico de uma vez

Falam que vendeu milhões

De Cordéis com altivez

 

O Cordel usa o folheto

E assim precede o jornal

Divertindo a populaça

Com força descomunal

Também afrontou o rádio

Sem apagar seu fanal

 

Mais tarde veio a TV

Pensaram: - É a sua morte!

Mas o Cordel não morreu

Enfrentando toda sorte

E agora usa a Internet

Para ficar bem mais forte

 

Grandes autores vieram

Fazendo esta sua arte

João Martins de Atayde

Que não deixou um descarte

José Pacheco e Dila

Fizeram a sua parte

 

E também Cordeiro Manso

Joaquim Sem Fim, Tonio Cruz,

Manoel V. Paraíso

Joaquim Silveira conduz

Patativa do Assaré

Que ainda hoje reluz

 

José Camelo de Melo,

Romano Elias da Paz,

Moisés Matias de Moura,

Zé Adão, Manoel Tomás,

Laurindo Gomes Maciel

E centenas de outros mais

 

E os Cordéis de sucesso:

“Juvenal e o Dragão”,

“O Pavão Misterioso”,

“A Sina de Lampião”,

“A Princesa Teodora”,

“E a Seca no Sertão”

 

“A Mulher Que Virou Onça”,

“Oliveiro e Ferrabrás”,

Tem “Maria Madalena”,

E “É Bom Tudo o Que Deus Faz”,

“Pelé na Copa do Mundo”,

Tantos que não findam mais

 

“As Proezas de João Grilo”,

“O Meu Sertão no Inverno”,

“A Vida de Padre Cícero”,

E “O Paraíso Moderno”

Cito também: “A Chegada

De Lampião no Inferno”,

 

E até hoje é o Cordel

Nossa cultura mais forte

Influenciando músicos,

Poetas de Sul a Norte

Levando a todo o Brasil

O seu ritmo e o seu porte

 

Muitos artistas famosos

Se inspiram neste celeiro

Do universo do Cordel

Como Jackson do Pandeiro,

Elba, Geraldo Azevedo,

Tom Zé e Zeca Baleiro,

 

Até o Chico Buarque

Já buscou seu agasalho,

Gilberto Gil, Gonzagão,

Gonzaguinha e Zé Ramalho,

Caetano e Antonio Nóbrega,

Sivuca sem embaralho...

 

Além de outros literatos:

José Lins, Graciliano,

José Américo de Almeida,

O Suassuna, Ariano,

Só para homenagear

Os maiores deste plano

 

Minha história não termina

E mantenho-me cantando

Rindo-me em muitos momentos

Lá na frente até chorando

A levar nossa cultura

Nas ondas da criação

Isto é semeadura

Original do Sertão

 

FIM